domingo, 27 de maio de 2007

Tonicco e Juanito entrevistam Sweetjane

Tonicco: Do meu projecto criativo, quase aquático, destinado a aterrorizar o quotidiano do mais incauto, logo a partir das primeiras horas da manhã, já dei, oportunamente conta, e em boa hora, face à iniciativa do FIDS. Fala-nos, agora, do teu projecto, ó Sweetjane?

Sweetajane: Qual deles? Os homens xx?

Juanito: Ó Sute, julguei que eram triple X....

Sweetjane: Julgaste mal...

Tonicco: Hum...isso era capaz de ser interessante, mas mais logo, quando estivermos sózinhos...

Sweetjane: Dream on single X

Juanito: Bem, avançando, afinal que projecto é esse?

Sweetjane: Creio que se estão a referir ao projecto linguístico do “políticamente correcto” como forma de combater e sublimar a culpa neurótica, que se sente por tudo e por nada, sobre a qual, aliás, já amplamente dissertei neste blog.

Tonicco: Touché.

Juanito: Hein?

Sweetjane: É um projecto de desenvolvimento de conceitos e, concomitantemente, de expressão oral, que visa incorporar no nosso imaginário colectivo, tanto quanto possível, valores e princípios anti-discriminatórios. Trata-se de expurgar o nosso discurso dos condicionamentos e preconceitos mais veiculados nesta nossa cultura ocidental.

Juanito: Passou-se. Tá louca.

Tonicco: Não te precipites, ó Juanito, deixa-a expor o seu ponto de vista...

Juanito: Sim, ó Sute, surpreende-me, se puderes.

Sweetjane: É simples. É mais fácil com alguns exemplos. Por exemplo tu, ó Juanito. Deixarei de dizer que és baixo! Isso molda a ideia que os outros farão de ti com base na representação que fazem do “ser baixo”. É preciso combatê-lo vigorosamente! Quanto a mim, não te refiras a mim como “louca” e sim como “intelectualmente desafiante”.

Tonicco: Mas sabes o que dizem dos baixos não sabem? Isso também não fará parte do imaginário colectivo?

Sweetjane: Não, ó Tonicco, não sei. Esclarece-me.

Juanito: Ó altazanas nórdica, deixa lá isso. Não será a tua perspectiva que está alterada? É que na minha perspectiva tu é que és gigantones.

Sweetjane: Mas ouve, ó Juanito, a beleza do meu projecto está em alterar essa perspectiva. Elejamos uma média e referenciemos-nos a ela. Assim, tu serás verticalmente desfavorecido e eu verticalmente favorecida.

Juanito: E o Tonicco será horizontalmente enriquecido, não?

Sweetjane: Quê, um half X?

Juanito: Estou a falar do peso, darling, do peso. Do carácter rotundo da sua “personalidade” (risos )

Sweetjane: (risos incontroláveis com lágrimas irreprimíveis)

Tonicco: Eu sou pelo menos um double XX, mas hey, não sou eu que o digo....

Sweetjane: Pois, pois....mas voltando ao tema do projecto....

Juanito: Ainda não estou convencido de que seja verticalmente “desfavorecido”...

Sweetjane: Mas, por outro lado, é inegável que o Tonicco é mais fortemente pigmentado do que tu, ó Juanito. E tu, ainda mais pigmentado que eu.

Juanito: Lá estás tu com a mania que és nórdica, ó nórdica.

Sweetjane: Poderei não ser nórdica mas sou cosmeticamente atraente, enquanto tu, ó Juanito, és visualmente controverso. E do Tonicco nem saberia o que dizer...

Tonicco: A mim pouco me importa uma coisa ou outra, porque as gajas não se queixam. Aliás, podem confirmá-lo no meu blog “Todas as gajas que eu já comi”, outro dos meus projectos de grande fôlego.

Sweetjane: Desculpem lá, mas isto assim não vai a lado nenhum. Témaisloguin.

Tonicco e Juanito: Hein?

Sweetjane: Queria dizer só mais uma coisa.

Juanito: O que é ó Sute, o que é? Mais uma ideia peregrina? Vá surpreende-me!

Sweetjane: SPÓÓÓÓÓRTING

Agradecimentos a James Finn Garner

terça-feira, 22 de maio de 2007

FIDS entrevista Tonicco


FIDS – Boa tarde, Tonicco.

Tonicco – Boa tarde.

FIDS – Queres falar-nos então do teu novo projecto?

Tonicco – Bom, o site das miúdas sem pernas está ainda a começar, foi uma ideia que eu tive no d…

FIDS – Eu referia-me à tua nova incursão no sector dos equipamentos para duche…

Tonicco – Ah, isso. É que se não me dás pistas, é difícil, porque estou envolvido em muitos projectos.

FIDS – Fala-nos deste, então.

Tonicco – No mês passado estava a tomar duche e tive uma revelação; naquele momento apercebi-me de que os duches são uma coisa óptima, e tudo isso, mas senti a falta de um certo terror.

FIDS – Terror? No duche?

Tonicco – Sim, repara na calmaria insípida que tu sentes quando estás no duche… Chato, não? O duche é suposto acordar-te, revigorar-te, e preparar-te para o clima que vais encontrar no trabalho, não? Como fazer isso com um chuveiro comprado no hipermercado? Impossível.

FIDS – Foi aí que nasceu esta ideia?

Tonicco – Se não te importas, prefiro “projecto”.

FIDS – Está bem.

Tonicco - …

FIDS - ?

Tonicco - …

FIDS – Foi aí que nasceu este projecto?

Tonicco – Sim. Saí do duche tal e qual como estava, e fui para a prancha de desenho. O projecto saiu-me à primeira.

FIDS – Esta é a primeira e definitiva versão?

Tonicco – Bem, as primeiras tive de deitar fora, porque eu estava a escorrer água e sabão, pelo que as três primeiras pranchas foram para o galheiro. Mas o projecto não mudou.

FIDS – Então a ideia-base do projecto é “terror”.

Tonicco – Mas um terror com propósito, repara, um terror com um objectivo; um terror que te ajude na vida prática, que te seja útil, que te ajude no dia-a-dia a teres uma melhor performance.

FIDS – O terror pode fazer isso?

Tonicco – Pode. É por isso que gosto deste meu duche-máscara-de-gás. Ele incute o medo bem até às profundezas da minha alma, que é o que eu procuro em qualquer equipamento sanitário. E depois são os detalhes que o tornam especial: os buracos para os olhos guardam o teu sabão, a tua escova, etc., e o projecto parece estar a sair da parede, em lugar de estar simplesmente pregado a ela. Numa palavra: terror.

FIDS – Sim, lá agradável não é.

Tonicco – Tantos homens criticados por urinar no duche… Eu agora estou apenas a dar-lhes um bom motivo. Um motivo biológico, neurológico.

FIDS – O projecto irá estar à venda ao grande público?

Tonicco – Odeio o “grande público”. Mas também não quero limitar este projecto aos possidónios que frequentam o Harrod’s ou que licitam na Christie’s. A minha ideia é criar um canal de comercialização não demasiado elitista, mas também não quero ver este projecto nas mãos de marroquinos.

FIDS – Obrigado, Tonicco. Votos de grande sucesso para esta tua ideia.

Tonicco – Prefiro “projecto”. Muito obrigado.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Como Não Embrulhar Um Plasma Para Entrega





























COMENTÁRIOS DOS LEITORES:

1. Maria João Fouto - May 16, 2007 1:47 PM

Dá-me vontade de chorar. Quero mesmo uma televisão nova, e essa está completamente estropiada.

2. Ana Valley - May 16, 2007 1:55 PM

O óptimo é inimigo do bom.

3. Elsa Cravino - May 16, 2007 1:58 PM

Quem foi o filho da puta?!!!!#”!$%&&&/($###

4. José Sócrates - May 16, 2007 2:01 PM

Como saber que se trata de um plasma, e não de um LCD? E é aqui que está a questão, não vale a pena andarmos à volta da questão.

5. Marques Mendes - May 16, 2007 2:20 PM

Echpero que echtiveche no cheguro.

6. Teresa Sabido C - May 16, 2007 2:36 PM

Jesus is crying

7. Carlos Pitacas A - May 16, 2007 2:38 PM

Mesmo que ê enviasse uma tv sem nada a embrulhari, nã esperava um desastre desses.

8. Juanito - May 16, 2007 2:43 PM

Please keep your comments relevant to the post. Inappropriate or promotional comments may be removed. Email addresses are required to confirm comments but will never be displayed.

9. Rui Marrocos - May 16, 2007 2:45 PM

Well, about 2 weeks ago, because of being preoccupied with something that was going on, i lost my erection during oral. I had a little rocky couple of days getting back to not thinking about it, but the problem now is because it's still in my head.

10. Juanito - May 16, 2007 3:16 PM

Eu disse: “Please keep your comments relevant to the post. Inappropriate or promotional comments may be removed.”

11. Tonicco – May 16, 2007 3:19 PM
José Sócrates, pela fotografia parece-me tratar-se de um HP-R5052 ou então de um HP-R4252, plasmas de 50" e de 42", respectivamente. Se reparares, os LCD’s Samsung do mesmo ano tinham um design muito diferente – se quiseres faz uma busca por LN-R328, e verás.

12. Isilda Armando - May 16, 2007 3:19 PM

Quééééé istoooooooooo??????????!!!!!...

13. Sweetjane - May 16, 2007 3:36 PM

Marrocos, private message me please

14. Liedson - May 16, 2007 3.40 PM

Foi primeira vez que fiquei embrulhando coisa feita de plasma... Não justifica tanta crítica assim, mas as pessoas têm direito de ficar dizendo o que quiserem. Tolerância, gente...

15. Elsa Cravino - May 16, 2007 4:40 PM

Queres tolerância? Está bem, que se te cortem as manitas pelo pulso, em vez de ser pelo cotovelo!!!!!!

16. Eminem - May 16, 2007 11:47 PM

bitch can't pack, y’all.

17. Marilyn Manson - May 16, 2007 12:08 AM

There is no Jesus

18. Sweetjane - May 16, 2007 12:15 AM

Marrocos, liga-me para o cel mas agora que estou sozinha

19. Juanito - May 16, 2007 12:54 AM

These reader comments are a clear indication that morons live on the web. OK, everyone: move away from your computers. STOP POSTING USELESS DRIVEL. BETTER YET, STOP POSTING.

YOU ARE WASTING YOUR LIVES. YOU ALL WILL BE DEAD SOON. WHAT WILL YOU LEAVE BEHIND? USELESS DRIVEL? GET LIVES. DEATH IS COMING.

20. Rui Marrocos - May 16, 2007 1:46 AM

I played with my balls while i was on the train. Eventually i got an erection and masturbated in my pants and it was so packed. Funny thing is that i am very handsome – I think – and no one suspected.

21. Sweetjane - May 16, 2007 3:35 AM

Eu gosto de homens xx

22. Gabriela S - May 16, 2007 3:37 AM

Eu gosto de mulheres

[thread unexpectedly terminated by JUANITO, on May 16, 2007 3.38 AM ; sorry for the inconvenience]

sábado, 12 de maio de 2007

Sapato preto, meia branca, ou a amazona do Campo Pequeno

Não se podia dizer que fosse baixo. A camisa era pingona, a imitar seda. O padrão não era dos mais ofensivos e o tom acinzentado, evitava que o transeunte desprevenido virasse a cara à ultima da hora. O peito estava à mostra quase até à curva superior da barriga, revelando uma pelagem negra e rala. Do pescoço pendia, com o peso de um crucifixo, uma corrente dourada. As calças eram de ganga, de uma daquelas marcas obscuras, que se caracterizam pela sua ausência. Os sapatos, de luva, com berloques, eram pretos e já tinham andado na guerra de catorze. As meias eram brancas e grossas. À cintura, preso ao cinto, ali estava, vertical, a peça incontornável. O telemóvel. Verdade seja dita que não estava de frente, mas já a caminho das costas. Mas nem isso ajudava.

A figura caminhava pela Avenida da República fora, confiante. Trauteava, em consonância com o seu andar gingão, o Staying Alive. Imaginava-se o Travolta dos velhos tempos. Levou os dedos ao cabelos escuros, puxando-os para trás, sem que tal produzisse qualquer melhoria. Teve o azar de tocar com a mãos nos óculos espelhados, o que os fez saltar e cair para o chão. Estava no Campo Pequeno.

- Fôôôdââssssss, disse ele com voz anasalada, correcta e firmemente, enquanto se baixava para apanhar os óculos.

Um ligeiro odor a alho assinalava a sua passagem, o que não admirava, visto já passar da hora do almoço. Além disso tinha um palito ao canto da boca.

Vendo-o de longe dir-se-ia que auto-confiança e auto-estima eram os seus nomes do meio, já que não se coibia de presentear todas as jovens mulheres que por ele passavam com piropos elegantes. Pena foi que, de um modo geral, todas se apresentassem tão indispostas e com caras tão enjoadas, isto quando se dignavam a olhar para ele.

De repente, ao longe, avista uma mulher de cuecas, soutien e meias de ligas, montada numa vassoura. Mesmo áquela distância era possível ouvir-lhe os gritos:

- Anda cavalinho, anda...pócótó, pócótó

O jovem ficou imediatamente fascinado. Imóvel e boquiaberto, como aliás, a maioria das pessoas que se encontravam na rua áquela hora, colocou-se, propositadamente, no caminho da jovem amazona que se aproximava, forçando-a a parar. O palito caiu. Atirou os óculos de sol para o chão (de qualquer modo já estavam rachados). Estendeu o braço e tocou-lhe no ombro. Nem uma palavra foi trocada. Deu uma reviravolta, alçou a perna e montou na vassoura. Com a mão direita tocou-lhe ao de leve na nádega, um pequeno incentivo para que continuasse. Ela não se fez rogada. Partiram rumo ao Saldanha. Enquanto ele produzia sons cavalares, ela gritava

- Hi ho Silver!

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Ainda Sobre a Questão da Não-Inscrição



S


ó uma nota sobre o post de Sweetjane, ou de José Gil, ou lá quem foi (confundo-os aos dois, e tenho de fazer-lhes perguntas-teste para os distinguir ao telefone, por exemplo, já que fazem gosto em não se identificar).

Não tenho dúvidas acerca da importância do papel de Portugal. Seja ele muitas ou poucas vezes "inscrito", ou médias.

O nosso drama - nós, as pessoas que todas juntas fazem Portugal - é o "entrementes". O que eu quero dizer com isto é que o que é dramático é não termos guião para o "intervalo", e que essa é a fonte de todas as "não-inscrições", e frustrações e sensações de impotência. O que estou a dizer é que Portugal serve para ser chamado nas alturas maiores. O problema das alturas maiores é que não estão sempre a acontecer, e há grandes espaços de tempo entre cada "altura maior". A isso eu chamei, atrás, de intervalo.

Nas alturas maiores, Portugal responde e irá responder, como soube já responder, e vai saber o que fazer e como o fazer, de uma forma de tal modo inata, que todos irá deixar caídos em espanto.

Mas não estamos numa altura maior. Estamos em intervalo. E de tal modo importante é o papel de Portugal, que Quem lho outorgou descurou de pensar em qualquer outro papel para quaisquer outros momentos que não os que Tinha em mente.

Por isso a nós cabe simplesmente saber preencher melhor esta "ponte". É apenas isso. Conseguido esse desiderato resolver-se-á boa parte da frustração, e da "não-inscrição", e de todas essas coisas que, na realidade, são de somenos importância.

Porque, para o que está para vir, estamos mais do que preparados.

Porque já fomos escolhidos. E lá no fundo sabemo-lo.

"Uneasy Lays The Head That Wears a Crown"


F


oi a forma de Henrique IV nos dizer "Olhem que ser Rei também é só nervos".

Acho que compreendo o que Henrique queria dizer. Deve haver muita chatice para tratar, e tudo isso... Mas, Henry - não sei se lês este blog -, posso assegurar-te de que há muita coisa que nos pode causar uma vida de nervos, mesmo (principalmente?) quando não se é Rei, que é o meu caso.

Claro que pode acontecer que eu esteja reading too deep into Henry's words. Se calhar ele está simplesmente a dormir com a Coroa na cabeça, e a queixar-se de que isso o incomoda (marcas na testa por causa do corte da circulação... parte superior da orelha que fica na almofada trilhada... etc.)

Henry, aconselho-te a tirar a coroa quando dormes. De qualquer maneira, ninguém está a ver.