segunda-feira, 19 de março de 2007

O mundo já existia antes de eu nascer?

Uma das mais maravilhosas pessoas que tenho no mundo é a minha filha. Vê-la crescer é fenomenal e sinto-me privilegiada por poder testemunhá-lo.


Com 4 anos, a noção que ela tem do tempo é ainda limitada. Sempre que falamos de acontecimentos em que estive envolvida, na minha vida antes dela nascer, ou de episódios de quando eu própria era miúda, fica com um ar sonhador, mesmo perplexo, e pergunta-me, curiosa, pestanejando os seus grandes olhos castanhos

- Mamã, e onde é que eu estava?

Quando lhe respondo que ainda não era nascida ou que ainda nem sequer estava na barriga da mamã, fica desconfiada, como se não visse vantagem na existência de um mundo anterior ao seu nascimento.

A (in)compreensão do “antes de mim”, nesta idade, é semelhante à (in)compreensão do que significa morrer.

Nestes últimos tempos temos visto filmes de desenhos animados em que existem personagens que ficam órfãos. Dei-me conta, no outro dia, que ela percebeu, no seu pequeno grande coração, o que significaria perder os pais, porque se identificou com o Marco. Lembram-se do Marco? “Era um porto, italiano...”? Puro sadismo em forma de desenhos animados. Bom, adiante...

Encostou-se ao meu braço e disse com ar decidido

- Mas eu não vou ficar sem ti!

Abracei-a enternecida, e beijei-a desenfreadamente, desesperada por não lhe poder jurar que isso jamais acontecerá. Disse-lhe que também eu não queria, nunca, ficar sem ela!

1 comentário:

Eduardo Ramos disse...

Hoje foi dia do pai!

... por 3 vezes apeteceu-me chorar!

É bom ser pai!