terça-feira, 20 de março de 2007

Tired Little Girl Throws Epic Tantrum

Esta manhã a minha filha, de 4 anos, fez uma birra monumental. Não seria nada do outro mundo se eu não estivesse muito pressionada pela realização de uma reunião agendada pela chefe, com início às 9h da manhã.

A birra nasceu não sei bem de que microscópico episódio, convertendo choro em gritos, acompanhada de uma determinada e despropositada retenção da urina, de agitação e coices, sempre que procurei chegar à razão, abraçando-a ou aquietando-a. Aliás, o mais fácil foi pensar que esta birra foi propositada, por saber que eu tinha especial interesse em despachar-me, esta manhã.

Também a minha irritação, stress e frustração foram crescendo, em função do crescente descontrolo desta birra, e com a implacável passagem dos minutos. E foram cerca de 40, os minutos que se passaram nisto. Quanto mais tudo crescia menos capacidade tive para tentar perceber o porquê. Mas eu bem sabia que o motivo não poderia ser circunstancial e sim muito objectivo, inconsciente, mas objectivo.

Vesti-a e lavei-a, mal e porcamente, lidando com a sua obstinada e sonora falta de colaboração.

O chichi finalmente libertado, a ida para o carro e o pequeno almoço, vieram introduzir uma pequena mudança que, felizmente, diminuiu um pouco o volume sonoro e a convicção dos protestos. Já no carro, enquanto tomava o seu "leitinho do ursinho azul" e já com a fome matinal finalmente aplacada (a qual também, julgo eu, tinha contribuído para o crescendo da birra), mas ainda sem querer dar o braço a torcer, manifestou-me, de forma ainda entrecortada por soluços, que eu não a tinha deixado dizer uma coisa, procurando, assim, justificar a birra. Dizendo-me, desta forma, que afinal havia um motivo para aquela reacção matinal, e sobre o qual eu nada sabia.

Também eu já mais calma e recomposta, já disponível para reflectir, disse-lhe que se ela não dissera o que queria tinha sido porque estava a chorar muito e demasiado alto, sendo, assim, difícil dizer-me o que quer que fosse. Disse-lhe calmamente que compreendia que ela estivesse triste e zangada comigo e com o pai, porque na noite anterior nós tinhamos chegado a casa tão tarde que ela já não nos vira, adormecendo na companhia da avó. Ou seja não aplacara a ansiedade de nos ver chegar, antes de adormecer.

De facto, ontem foi um dia difícil de trabalho, pouco habitual e muito cansativo. Ela sabia que tal ia acontecer, não foi inesperado, tínhamos falado calma e antecipadamente com ela, mas o entendimento subjectivo foi o do abandono, e o impacto afectivo foi o medo de nos perder. Esta manhã tinha sono e estava zangada connosco. Perguntei-lhe, em todo o caso, que coisa era essa que me queria dizer.

Respondeu-me, agora já calma, após alguma hesitação e reflexão:

- Eu queria dizer que tinha uma coisa para te dizer e tu não deixaste, só que agora já não me lembro da coisa que queria dizer.

E esta hein?

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