sábado, 30 de dezembro de 2006

Jogos de sedução

Os jogos de sedução são engraçados. São divertidos. São reconfortantes. São alimentados de forma umas vezes honesta outras completamente pretensiosa. Podem ser intelectualmente estimulantes ou nem por isso. Podem ser descarados (não têm tanta piada) ou discretos. Podem resultar de verdadeira sintonia, de uma sintonia imaginada ou muito desejada (forçada). Aumentam a auto-estima. Era nisto que ela pensava.


Alguns encontros ocasionais (pretensamente inocentes e falsamente desprovidos de qualquer interesse erótico) alimentaram uma conversa sem nexo de duas pessoas no último estertor de uma adolescência tardia. Na verdade, uma adolescência completamente fora de prazo.


Até que um dia, em condições favoráveis, ela teve coragem de passar ao acto, atendendo a que ele nunca mais se decidia. Já sabia, nesse momento, que a situação não tinha retorno. Curta, morna ou fulgurante, dependendo da química, essa incipiente relação estava condenada. Só esperava não se maçar muito com o seu desfecho. Disse-lhe, num momento de maior proximidade, “Não te chegues tanto a mim. És engraçadito e eu não sou de ferro”. Saiu-lhe mesmo assim. Tem um certo estilo e tem a dose certa de “flirt”, de cómico e de grotesco para deixar espaço ao outro para uma recusa meiga, sem que ela se sentisse necessariamente envergonhada, insegura ou rejeitada. Primeiro ele fingiu que não ouviu, depois sentiu-se aliviado (visivelmente) e depois toscamente agarrou-a pela cintura (ela era consideravelmente mais pequena que ele) e beijou-a. Nesse momento ela percebeu que seria morna. Ele não sabia beijar e salivava. Esforçava-se, mas não sabia. Além disso cheirava a azedo, coisa que até ali ela não notara. Não havia química. Arrependeu-se instantaneamente, mas já era tarde demais. Já só pensava como seria quando ele se descalçasse.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Ser ou não ser...suficientemente boa

Tenho 35 anos e ainda hoje me sinto intimidada pelas figuras de autoridade. Desde miúda que a ida para a escola era para mim um suplício. Durante muitos anos e desde a primeira classe (entrei para a escola com 5 anos e logo para a primeira classe) a ida diária para a escola provocava-me elevados níveis de ansiedade (embora nunca tenha dado parte fraca), cuja tradução física ia das cólicas às borboletas na barriga. Pelo receio de que me fossem apontados erros, pela sensação que tinha, de ser preciso sempre provar algo. Não algo que me valorizasse ou me fizesse sobressair em relação aos demais, mas o receio de falhar se fosse interpelada pelos professores. É risível, mas isto é um traço muito neurótico.

Ainda hoje sinto que devo algo a alguém. Ainda hoje sinto que raramente sou suficientemente boa (o que é uma grande treta porque sei que sou boa em muitas coisas, embora tantas vezes não consiga senti-lo), ainda hoje tenho uma necessidade de reconhecimento (e sinto que o mereço) e sofro sempre que este não chega. Ainda hoje idealizo as figuras de autoridade que me são mais próximas e me deprimo quando as desidealizo (o que invitavelmente acontece sempre, como é, aliás, natural).


Este funcionamento é conveniente para os patrões e para as chefias. Sabem porquê? Porque nos faz dar o nosso melhor ou ainda melhor do que isso, no desempenho das nossas funções e tarefas profissionais. Deste modo, os patrões e as chefias criam (nem que seja na sua cabeça) standards relativamente ao nosso desempenho baseados no nosso melhor, como se fossem standards de desempenho normal. Isto faz com que nunca valorizem expressamente o nosso trabalho, receando o desleixo. Isto significa que quando desempenhamos abaixo desses standards, mesmo que dentro de parâmetros ditos normais, ou suscitamos a ideia de falhanço ou julgamos que o fazemos ou sentimos que efectivamente falhámos.


Para nós também nos convém, pois permite-nos encontrar sempre um (outro) responsável pela nossa sensação de falhanço.


segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

Em 1º lugar vem o

A

domingo, 24 de dezembro de 2006

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

A ANATOMIA DE FOUTO - Episódio 2



E
difício IGUAL – Junto aos elevadores - Dia – Rui Antunes vai roendo uma alheira de Mirandela à frente do elevador, quando Maria João e Sandra Almeida emergem de uma porta adjacente. Antunes questiona com ansiedade Maria João acerca da primeira vez desta a segurar um coração. Maria João ignora-o. António Sousa junta-se ao grupo e refere que “só vê-la a fazer aquilo já foi uma tripe”. Maria João parece alheada. A campainha do elevador toca e Maria João e António Sousa entram. Rui Antunes nota a estranha disposição de Maria João, mas continua a roer a chouriça. Um contínuo alerta Antunes para o facto de a sua pausa estar quase no fim, e este pergunta as horas a Maria João, que lhe diz ter perdido o relógio de pulso há tempos. Antunes despede-se, de boca cheia, com um “então até mais loguinho”. As portas do elevador fecham-se.

IGUAL - Elevador - Dia – António Sousa pergunta a Maria João se o relógio que ela perdeu era aquele VibraMaster 9000 de pulso, com alarme vibratório, que Sousa já lhe tinha cobiçado. Maria João confirma, desinteressada, e muda rapidamente de assunto, confessando a António Sousa que pensa poder ter feito alguma coisa ao coração de Roberta Santos enquanto o segurava. Maria João conta que de repente “bateu um soninho” e que lhe parece que pode ter apertado o coração. António Sousa refere que o coração é um músculo forte, e que aguenta um apertão ou outro. Entredentes, Sousa deixa escapar que até o dele já levou apertões valentes. Maria João confessa que furou o latex da luva de cirurgia e questiona Sousa sobre a possibilidade de ter “furado aquela cena do coração”. António Sousa sentencia que “se a sua amante pôs o coração a funcionar, então tudo está OK”. Maria João acha que deve contar o incidente a Ana Duvall, mas Sousa insiste que não há nada a contar, dado que Roberta Santos “parece estar fina”. Maria João acaba por concordar.

Créditos iniciais / Sequência de abertura
Tema original: “IGUAL Ao Litro” (performed by WE 3 KINGS)

Anatomia de Fouto

Plano aéreo da Avenida da República - Dia

IGUAL – Sala de análise de radiografias – Nuno Lima pede opinião a Rui Antunes. Estão a olhar para os raios-x do ciclista com o fémur fracturado. Embaraçado, Rui Antunes confessa estar proibido por António Sousa de emitir pareceres médicos. Intrigado, Nuno Lima pergunta-lhe porquê. Antunes relata, indignado, que teve uma discussão violenta com Sousa, durante a qual este deixou bem claro que considerava estar a emissão de pareceres médicos fora do âmbito funcional da lavagem dos pisos. Ao pretender dar uma pancadinha solidária nas costas de Rui Antunes, Nuno Lima mede mal a força, e deita Antunes ao chão, esfregonas, chouriça e tudo. Antunes fractura a perna direita, e jaz, no chão, gemendo de dores, em voz alta. Sandra Almeida entra de rompante na sala, convencida, pelos gemidos, de que Lima estaria a aproveitar-se de Antunes em hora de expediente. Quando se apercebe do que realmente aconteceu, manda vir dois contínuos e encaminha Rui Antunes para a Sala de Traumas. Sandra Almeida repara, então, nas radiografias que Lima e Antunes analisavam havia poucos instantes. Intrigada, questiona Lima sobre o porquê de este estar a analisar radiografias abdominais de um doente que tem o fémur partido. Lima esclarece que apenas está a fazer o que Ana Duvall mandou: “analisar as radiografias”. Olhando para o nome do doente impresso nos raios-x, “Adérito Lagos”, Sandra Almeida julga reconhecê-lo, mas não consegue recordar-se de quem se poderá tratar. Chama então António Sousa pelo pager.

IGUAL – Refeitório (vulgo sala do microondas) – António Sousa tenta colar uma colher de sopa embaciada à ponta do nariz, para gáudio de Leonor Ribeiro (toxicómana em recuperação, internada na IGUAL) que assiste, fascinada. O pager de António Sousa começa a tocar. Sousa resmunga impropérios, levanta-se e sai.

IGUAL – Sala de análise de radiografias – Sousa entra na sala, e pergunta com solenidade a Sandra Almeida qual é a emergência. Sandra Almeida questiona-o acerca da colher de sopa que traz pegada ao nariz. Atrapalhado, Sousa mete rapidamente a colher ao bolso, e esclarece que a questão da colher “é outra situação”. Sandra Almeida pergunta a Sousa se este reconhece o nome de Adérito Lagos. Sousa responde afirmativamente, informando que se tratou do seu primeiro paciente quando assumiu as funções de residente-chefe de Proctologia. Sousa recorda então com nostalgia a intervenção de 5 horas na qual procedeu à remoção da última secção do intestino delgado e à criação de um ânus artificial em Adérito Lagos. Sandra Almeida pergunta a Sousa quem foi o médico assistente à cirurgia, e Sousa confessa que fez quase tudo sozinho por falta de staff, mas que na parte final teve de pedir ajuda a Maria João, que o assistiu nos procedimentos de suturação. Sandra Almeida informa que Adérito Lagos deu entrada na IGUAL com o fémur partido, e conclui que as radiografias na parede devem ser as do pós-operatório da cirurgia de António Sousa, estando o mistério explicado. Não obstante, Sousa examina as radiografias e identifica uma massa estranha no antigo ânus de Adérito Lagos. Sousa informa que pretende operar novamente o paciente, pedindo que Sandra Almeida guarde segredo da cirurgia não programada perante Ana Duvall. Sandra Almeida aceita, em troca de dois comentários elogiosos que Sousa deveria proferir acerca dela quando Ana Duvall estivesse presente. Sousa, uma velha raposa, negoceia e consegue reduzir para um comentário elogioso. Nuno Lima, concluindo que a sua cirurgia ao fémur iria ser adiada, sai mais cedo.

IGUAL – Proctologia – Sala de operações - Dia – Meio grogue da anestesia, Adérito Lagos olha para cima e observa António Sousa preparando-se para o operar. Confuso, Lagos questiona António Sousa acerca das razões de estar novamente em Proctologia, prestes a ser operado, quando o que tem é um fémur partido. Sousa informa que a última operação “pode ter causado problemas, entendes, ó Lagos?”, e é isso que ele vai avaliar agora. Imediatamente antes de ficar inconsciente com a anestesia, Adérito Lagos ainda insulta Sousa por “não lhe deixar o rabo em paz”. Sousa profere, impassível, um soturno “Dorme, sacanita…” e dá início à intervenção cirúrgica.

IGUAL – Sala de doentes sob cuidados - Dia – Num quarto aberto com várias camas, Maria João está de pé e observa à distância Roberta Santos, deitada, conversando com o seu marido, que está sentado à sua cabeceira. O enfermeiro Garcia verifica os sinais vitais de Roberta. O marido, preocupado, procura tranquilizar-se junto do enfermeiro Garcia e pergunta-lhe se está tudo bem. Garcia responde que “os risquinhos brancos da máquina estão quase sempre no verde, e quando é assim a Doutora Ana Duvall disse que não há preocupações”. Mas estranhamente a opinião técnica de Garcia não é suficiente para que o marido de Roberta Santos se tranquilize. Maria João aproxima-se deles e apercebe-se da ansiedade do marido da paciente cujo coração ela tinha segurado nas mãos. Tentando confortar o casal, Maria João diz que cirurgia cardíaca é sempre delicada, mas que Roberta Santos deverá ficar bem.

IGUAL – Proctologia – Sala de operações - Dia – António Sousa examina o ânus original de Adérito Lagos, que suturara na primeira operação. No monitor da microcâmera, Sousa parece reconhecer um objecto, e esfrega os olhos, incrédulo. Manda chamar Sandra Almeida e pergunta-lhe se ela vê o mesmo que ele. Sandra confirma. Sousa faz então uma incisão de 10 centímetros e extrai do interior de Adérito Lagos aquilo que se assemelha a uma correia de pele, ensanguentada. Sandra Almeida pergunta-lhe se se trata de uma pulseira. Sousa informa que é um relógio. Após um silêncio incómodo, Sousa pormenoriza, declarando tratar-se de um “VibraMaster 9000 de pulso, com alarme vibratório… o Rolls-Royce da tecnologia vibratória de pulso”, refere, fascinado, e por momentos esquecido da circunstância que trouxe aquele objecto até às suas mãos. Sandra Almeida exige saber de onde o relógio pode ter vindo. António Sousa especula sobre a possibilidade de o relógio ser um "efeito secundário da sua cirurgia anterior", mas avisa enigmaticamente Sandra Almeida de que Maria João, que o havia assistido na suturação, “terá certamente esclarecimentos adicionais a prestar”.

IGUAL – Vestiário dos médicos residentes - Dia – Maria João está debruçada sobre o lavatório e passa a cara por água tentando acalmar-se. Deixa a água escorrer-lhe das faces, endireita-se e fita a sua imagem no espelho. Suspirando, deixa escapar um “Aaai, foda-se…” semi-abafado. Subitamente, Sandra Almeida irrompe pela porta.



Fim do 2º episódio.


Sweetjane em "Mousse: Impossível 2"

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

A morte de Sweetjane


domingo, 17 de dezembro de 2006

Quando é que a culpa morde mais? - parte II

Depois de belas jantaradas sozinha ou com amigos, em casa ou fora, quando chega a hora de deitar, a culpa é tão grande que a má disposição e a sensação de enfartamento são paralisantes. Nessas ocasiões digo para mim mesma "isto não pode voltar a acontecer"...até à próxima vez em que não resista a uma belo repasto nocturno. É como um ciclo vicioso. Mas também vos digo, se formos capazes de vencer por alguns dias estas tentações, de forma tenaz e obstinada, o estômago disciplina-se e torna-se mais fácil resistir.

Senão, a cada noite perguntamo-nos a nós próprias porque é que (outra vez) nada fizémos. Porque é que ao longo do dia pura e simplemente esquecemos o que havíamos, na noite anterior, pensado fazer. É importante conseguir evocar, durante o dia, este desconforto sentido na maioria das noites, procurando um impulso para agir.

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

A ANATOMIA DE FOUTO - Episódio 1

C
asa de Maria João Fouto – Duche da casa-de-banho – Maria João está a tomar um duche e senta-se no fundo da banheira, enquanto água tépida lhe percorre o corpo.

Maria João (Voz off): Lembram-se quando eram pequenos e a vossa maior preocupação era, tipo, se iam ou não receber uma bicicleta nos anos, ou se ainda havia em casa um resto daquelas bolachas com recheio amarelo que pudessem comer ao pequeno-almoço... Ser adulta e trabalhar na IGUAL? Uma grande merda.

Edifício da IGUAL – Exterior – Dia – Maria João está na rua, já vestida, e caminha para a entrada do edifício.

Maria João (Voz off): Sejamos sinceros. Não se deixem enganar pelos tostões que agora vos pagam no emprego, e que dão para umas férias no estrangeiro uma vez por ano. Pelos sapatos caros que podem comprar, pelo sexo que podem fazer ou pela ausência dos vossos pais a mandarem em vocês. Ser adulta e trabalhar na IGUAL significa responsabilidade.

IGUAL – Interior - Dia – Maria João e Ana Duvall estão numa secretária e conversam acerca do futuro da IGUAL. Ana Duvall informa que tudo muda na vida, e que a IGUAL não foge à regra. Chegados ao final de 2006, e estando Duvall saturada do FSE, a IGUAL será agora um bloco médico-cirúrgico, e técnicos como Maria João serão a partir de agora médicos/cirurgiões, em substituição das antigas tarefas. Maria João está chocada. Tenta alertar Ana Duvall para o facto de as suas habilitações nada terem a ver com Medicina. Ana Duvall não parece preocupar-se, e tenta mostrar a Maria João o calendário das cirurgias já programadas.

Maria João (Voz off): Responsabilidade. Imprevisibilidade. Loucura. Foda-se.

Maria João pergunta como é possível Ana Duvall estar a informá-la só agora e já a ter destacada para uma cirurgia ao coração daí a algumas horas, segundo o calendário. Maria João pergunta a Ana Duvall se tem mesmo de ser ela a assegurar isso. Ana Duvall lamenta, mas chama a atenção de Maria João para o facto de António Sousa já estar completamente ocupado em Proctologia, de Sandra Almeida estar a preparar-se para remover um baço e de Nuno Lima estar a braços com a reconstituição do fémur de um ciclista que partiu a perna. Ana Duvall pergunta a Maria João se ela teria mesmo coragem para deixar uma cirurgia cardíaca unicamente nas mãos do enfermeiro Garcia.

Maria João (Voz off): Foda-se. Foda-se. Foda-se.

IGUAL – Sala de operações (antiga sala “Questões Gerais”) - Dia – Maria João está numa sala de operações com o enfermeiro Garcia. É suposto operarem o coração de uma mulher – “Roberta Santos”, de acordo com a ficha. O enfermeiro Garcia olha, alternadamente, para a paciente anestesiada e para Maria João. “O que é que fazemos agora, ó Doutora?!”, pergunta, desorientado.

Maria João (Voz off): Adultos têm de aturar loucuras de outros adultos. Adultos têm de fazer coisas que outros adultos lhes mandam fazer. Adultos têm de estar a certas horas em certos sítios. E fazer certas coisas. Mesmo que não as saibam fazer. Porque se tem de ganhar um ordenado. Para pagar a casa, o carro, a comida... Foda-se.

Sandra Almeida entra de rompante na sala. “Não faças nada!”, grita para Maria João. “Eu asseguro”, declara, afastando-a para o lado. Um pouco surpresa, Maria João pergunta-lhe se não era suposto ela estar a extrair um baço. “Já fiz”, dispara Sandra Almeida. “Mas como é que conseguiste?!” - Maria João parece não acreditar. Ainda ontem falavam acerca de visitas de acompanhamento a projectos de formação, e hoje Sandra Almeida está a dizer-lhe que extraiu um órgão a uma pessoa viva, em cirurgia. Sandra Almeida explica que não correu bem, e que depois de ter extraído o órgão, “aquilo era sangue por todos os lados”, e portanto o doente foi encaminhado para as emergências, que não são da responsabilidade dela. A sua responsabilidade – extrair o baço – foi cumprida. Como o paciente teve de ser levado para as urgências, ela acabou mais cedo, e pôde vir assegurar a cirurgia que estava a cargo de Maria João, “avançando-se assim mais rapidamente” nas cirurgias programadas. A intervenção cirúrgica inicia-se, e pelo menos aparentemente vai correndo bem, com Maria João a passar a Sandra Almeida os mais variados instrumentos - a princípio com atenção redobrada e muito cuidado, mas depois com crescente indiferença, ao verificar que também para Sandra Almeida é indiferente a utilização deste ou daquele utensílio cirúrgico. É uma questão de 20 minutos para Maria João estar a segurar nas suas mãos o coração de Roberta Santos. Num misto de ansiedade, pânico, e frustração profissional, Maria João começa a ter um ataque de sono, daqueles que dão lágrimas se se insiste em manter os olhos abertos. Por uns segundos, Maria João dormita e inclina-se para a direita, ainda com o coração de Roberta nas mãos. Sandra Almeida repara e pergunta a Maria João o que se passa. Maria João responde que a mão dela deslizou, mas parece preocupada enquanto se justifica. Sandra Almeida responde “Ah, OK, não há problema”, e dá a cirurgia por terminada. Diz então a Maria João que pode largar o coração na cavidade cardíaca, mas com muito cuidado. É o que Maria João faz.

Maria João (Voz off): Faz saudades das bicicletas e das bolachas com recheio amarelo, não faz?

Maria João parece preocupada após largar o coração. Olha para a luva da sua mão direita, esfrega os dedos um no outro e desvia a cara para o lado, escondendo um ar de preocupação.

IGUAL – Galeria de observação da sala de operações - Dia – António Sousa, Nuno Lima, Rui Antunes e o restante corpo médico residente observam o final da cirurgia através de uma parede de vidro. Rui Antunes fala sobre o seu desejo de segurar um coração. António Sousa, de bata, lembra-lhe que ele não é um residente como ele (Sousa), e apenas lhe está cometida a lavagem dos pisos. Antunes fica triste. Sousa desabafa confessando não compreender porque Ana Duvall, ou a própria Sandra Almeida, não o convidaram para a cirurgia cardíaca. O pager de António Sousa começa a tocar. Sousa resmunga impropérios, levanta-se e sai. Nuno Lima, observando atentamente a cirurgia, alerta para o facto de parecer haver um problema: “Não percebo nada disto, mas parece que aconteceu uma merda qualquer”, alerta.

IGUAL – Sala de operações (antiga sala “Questões Gerais”) - Dia – O coração da paciente não está a bater bem, e Sandra Almeida está a perder Roberta Santos, que entra em paragem cardíaca. “Bolas, não me digas que é o segundo doente que me vai morrer, e ainda não é meio-dia”, desabafa. Sandra Almeida manda Maria João massajar o coração, mas isso não funciona; aplica então um choque eléctrico, e o ritmo cardíaco é restabelecido. Sandra manda Maria João coser o corpo e manter a doente sob observação, e sai. Maria João olha para a luva da sua mão direita e verifica que a unha do seu indicador havia perfurado o latex.

Maria João (Voz off): A parte mais assustadora da responsabilidade? Quando tu fazes asneira.

Fim do 1º episódio



terça-feira, 12 de dezembro de 2006

Do sentido oculto das carpetes

Talvez ele saiba.

Menino ainda, sequioso já do êxtase advindo do Conhecimento, ele pergunta ao seu Mestre Zen, "Juanito Roshi, o que acontece depois da Vida?"

O Mestre respondeu, "Não sei."

O menino protestou, "Mas és um Mestre Zen!"

"Sim," o Mestre admitiu, "mas nem por isso gosto de pionéses vermelhos, nem tão pouco me parece que a cola de origem animal seja um produto éticamente defensável."

segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Quando é que a culpa morde mais?

Já se deram conta que quando se sentem pior, mais frustradas, mais tristes, mais desmotivadas, mais culpabilizadas, mais cheias de medo de nunca conseguir mudar, e simultaneamente mais cheias de planos de mudança para o dia seguinte, é precisamente à noite?

É que tivemos todo o dia para poder fazer algo diferente, algo que pensámos na noite anterior e que não fizémos. E todas as noites pensamos o mesmo. Estes sentimentos agudizam-se se tivermos ingerido uma grande refeição cheia de pão, queijos, manteiga, fritos, molhos, massas ou doces.

Finalmente, um provedor para o F.I.D.S.

Era

o passo lógico a dar. Era o sentido da evolução natural. Refiro-me à criação da figura do Provedor do F.I.D.S. .

Um provedor para este blog não poderia nunca ser uma pessoa qualquer. Por isso, dirigi um convite formal ao Professor Suspenso Freitas, PhD, no sentido de sondar a sua disponibilidade para o desempenho deste cargo. Tomei a minha decisão na sequência de um inteligente e tocante comentário da sua autoria que pude ler num recente post de sweetjane. Senti, nessa altura, que o contributo de alguém como o Professor Suspenso Freitas, PhD era precisamente o que faltava a este blog.

O currículo do Professor Suspenso Freitas, PhD é extenso demais para reproduzir neste ou em qualquer outro blog. A própria Internet tem dificuldades com o CV do Professor Suspenso Freitas, PhD. Para que se fique com uma ideia, o currículo do Professor Suspenso Freitas, PhD ocupa cerca de 15 TeraBytes em disco (versão sem gráficos), razão suficiente para jamais alguém o ter recebido por e-mail, por carta, ou por qualquer outro meio.

Pelo atrás exposto vou apontar apenas uma ou duas qualidades que reconheço neste homem notável, cujo capital de conhecimento em grande medida ultrapassa as capacidades da moderna banda larga. O Professor Suspenso Freitas, PhD simboliza, entroniza e cristaliza todo o corpo de conhecimento teórico-prático a respeito de todas as áreas em que é recém-licenciado. E as áreas não são poucas, dado que são todas.

O Professor Suspenso Freitas, PhD simboliza, entroniza e cristaliza todo o corpo de conhecimento teórico-prático a respeito de todas as áreas em que é recém-licenciado. E as áreas não são poucas, dado que são todas. Sim, o background académico do Professor Suspenso Freitas, PhD cobre todos os domínios de conhecimento; sim, o Professor Suspenso Freitas, PhD recém-licenciou-se em todas as licenciaturas que existem, estudando para todas ao mesmo tempo, "por uma questão de economia de tempo, e de segundos que iam passando e que vão ainda passar", refere, de modo incompreensível para os leigos.

Um provedor para este blog jamais poderia ser um homem facilmente impressionável. O Professor Suspenso Freitas, PhD é um homem que já viu tudo, apesar de jovem. Nada o impressiona, mas ele é impressionante. Nada o comove, dado que ele É as próprias emoções, e o tempo para as manifestar, medido em segundos que passam e que já passaram (?). O Professor Suspenso Freitas, PhD é alguém com um muito grande conjunto de recursos de estilo, e com um grande estilo na utilização desses recursos (Crazy Eight).

Procurando sempre não ser demasiadamente académico, o Professor Suspenso Freitas, PhD não anda, antes "caminha"; não censura, antes "apaga"; não se furta ao diálogo, antes "rejeita o ruído".

Armado de um arsenal de recursos de estilo que lhe são inatos, o Professor Suspenso Freitas, PhD não raras vezes sucumbe sob o peso de tal armamento, produzindo afirmações indesmentíveis, é certo, mas também idesmentíveis porque incompreensíveis.

Instado a traçar um auto-retrato, o Professor Suspenso Freitas, PhD disse a este blog ver-se como "um homem inapto procurando sempre fazer coisas inatas, desde que não invadam o seu espaço, tenham boas maneiras na discussão, e que o deixem falar só a ele".

Julgo tratar-se de uma personalidade acima de qualquer suspeita para desempenhar a função de Provedor deste blog. Por isso, o Professor Suspenso Freitas, PhD poderá de hoje em diante intervir a qualquer momento sobre qualquer assunto em qualquer post deste blog, a cada segundo que passe ou que vá passar ou que já passou.

Fica o aviso. Bem vindo, Professor.

domingo, 10 de dezembro de 2006

Espírito Celebratório

Em dias sem chuva em que o mundo não nos parece um sítio assim tão feio...



quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

A culpa não é minha......

O mundo começa a parecer um sítio mais feio do que realmente é. A nossa casa começa a ser para nós um espaço intolerável, bem como as pessoas que nos rodeiam. As mais próximas começam, na nossa cabeça, a ser as culpadas da nossa insatisfação, porque, incapazes de lidar com a nossa própria inactividade, atribuímo-la ao facto de estarmos encurraladas por maridos, filhos, mães, sogras. E no trabalho a mesma coisa.


É tanto pior, quanto pior nos sentirmos connosco próprias. Tanto pior quanto maior for a nossa frustração. É um mecanismo de defesa que faz com que, nessas cirucnstâncias, percamos a esperança de vir a mudar algo, uma vez que, por essa lógica, não depende de nós poder fazê-lo. E é uma má lógica porque nos impede de descobrir o que é que está ao nosso alcance fazer.

A caga sentenças

Amigo Juanito, tentei não enveredar por este caminho, mas essa tal de sweetjane não me deixa alternativa. É demais. A maneira como essa gaja, armada em douta, se farta de cagar sentenças sobre assuntos e pessoas de que pouco ou nada conhece é intolerável. Aliás, uma desilusão, para dizer a verdade. Até pode ter um rabinho interessantezeco, mas mais que isso não. Essa gaja que deduz, com ar sério, as coisas mais improváveis fruto da sua limitada visão da realidade, e que se arroga o direito de dar lições de moral a quem delas não precisa é ofensiva. E digo mais, o que mais chateia é ela achar que pode ter razão, sem parar para pensar que pode estar a estragar tudo. Por favor veja, amigo juanito, se faz alguma coisa para a controlar, senão é mais que certo que deixe de frequentar este blog

Assinado: um futuro douto

Um blog que enferruja

E

ste tempinho irrita-me. Irrita-me, porque sim, e porque faz este blog ficar mais lentinho das ideias. Este blog é o único que desacelera com a chuva. A chuva entranha-se neste blog, e não só faz as ideias babarem-se todas e derreterem, como se entranha nos próprios autores deste blog, que ficam super-emocionais, e mais não sei quê.

A chuva entra dentro dos autores deste blog, e faz-lhes subir as emoções; as boas e as más, tudo num arrazoado muito bonito de lágrimas que se confundem com chuva... de chuva que se confunde com lágrimas....

Pelo parágrafo merdoso que acabo de escrever, já estão a ver os efeitos perniciosos que a chuva tem sobre este blog. E por isso vou largar o assunto. O meu próximo objectivo neste blog é filmar a Maria João Fouto.

O meu próximo objectivo neste blog é filmar a Maria João Fouto. Alguns poderão não saber quem ela é, mas eu depois conto-vos. Estive para aqui a pensar e acho que a Maria João Fouto tem de ser filmada à exaustão e postada neste blog. Onde? A fazer o quê?, já estou a antecipar as vossas perguntas - não sei ainda.

Fará sentido andar com a Maria João Fouto por aí, nos centros comerciais, em bons restaurantes, em marinas, e filmá-la a dizer coisas? Que formato adoptar: deixá-la divagar por temas de sua escolha? Entrevistá-la? Filmá-la no duche? Há aqui ainda muito a decidir. Esta é mais uma ideia que não amadureceu ainda, que está babada, que está derretida por causa da chuva...

Será que a Maria João Fouto sabe fazer bolachas caseiras? Ora aí está um grande projecto: filmá-la a fazer bolachas caseiras, desde o início até ao fim.

(Pelo menos isto poderia entreter-nos até que a chuva acabe.)

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Tenho de ir a um alergologista...

Tonicco said: "Era mesmo preciso esta bosta?"

Juanito said: "
Klaro k sim!!! Adoro o Benfica!!! Jogam super bem, sao lindos, bem dispostos, xeios d energia, fantasticos, maravilhosos, xpetaculares!!! Fui ao jogo e adorei!!! Superou tds as mnhas xpectativas! Se pudexe ia atraz deles por portugal inteiro! Se eu ja os adorava, agr entao... So xpero k eles continuem axim por mt e mt tempo, k conxigam continuar a carreira boa e tb k ganhem lá em Arsenal. Bjs****"

segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

A visão de Juanito acerca do derby

A

visão de Juanito acerca do derby de 1/12/2006. Vídeo em duas partes.

Para meu desgosto, a qualidade máxima permitida pelo YouTube não me satisfaz minimamente. Asseguro-vos que a versão em DVD é muito mais linda, em écran completo e em full-resolution. Além disso o YouTube obriga-me a dividir o filme em duas partes, o que é horrível. Mas fazer o quê?

Esta é a parte 1 (de 2):



Esta é a parte 2 (de 2):

Para os dias de tempestade, sem telefone e sem ideias

Q
uando estiverem de mãos livres, sem imaginação, sem saber para onde ir, sem saber o que vão fazer a seguir, e com disposição para ler oitocentas mil linhas, sugiro a leitura deste post, e dos respectivos comentários.

Mas não desperdicem o vosso tempo. Se estiver a dar "O Preço Certo", ficarão a ganhar mais se assistirem ao programa do que se lerem este post.

O jovem em questão eliminou, ao princípio, o meu comentário. Depois resolveu publicá-lo de novo, mas lixou-me os parágrafos... Enfim, já nada é sagrado. Mas louvo-lhe o desportivismo de ter publicado (embora depois de longas cogitações) o meu comentário.

O link é este:
http://osegundokpassou.blogspot.com/2006/11/contraste.html

sábado, 2 de dezembro de 2006

A nostalgia do não vivido...sem chave

Na verdade, durante muito tempo, acreditei que teria sido mais feliz do que sou, se tivesse feito outras opções, nas encruzilhadas da vida; não era, então, para mim, claro, que a realidade não enformava na minha idealização do possível.

O tempo (ainda esse inexorável elemento) muito contribui para mitificar pessoas, sentimentos, possibilidades. Pude senti-lo sempre que fui ao encontro da idelização do possível. O possível idelizado nunca é o real. As pessoas reais não são as mesmas que fixámos na nossa cabeça. São outras. Têm elas próprias aspirações e formas de olhar o mundo que apenas num momento (e quiçá num espaço, simultaneamente) nos pareceram semelhantes às nossas. As encruzilhadas, nem sempre o são, realmente. Precisamos delas para valorizar ou desvalorizar o que temos no presente, em resultado de escolhas ou circunstâncias.

quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Ok, Juanito, eu faço forward por ti

----- Original Message -----
From: Juanito O Grande
To: Deus Todo-Poderoso
CC: tonicco
Sent: Thursday, November 30, 2006 9:33 AM
Subject: A Bela Hortense, A Saga de Hortense ou a Fuga de Hortense?


Caro D T-P,

Tens passado bem? E a família, está de boa saudinha?

Tenho andado para aqui caladito, mas só porque tenho tido uns achaques nas cruzes.

Mas não consigo conter mais em mim a dúvida que me atormenta. Eu sei que a vida continua. Que o sol põe-se levanta-se põe-se levanta-se põe-se levanta-se põe-se levanta-se põe-se levanta-se. E que hoje está um lindo dia.

Eu não duvido que, para o tio Sinouls, é a aurora de um dia de estufado. Apesar do desgosto, ele não se sente mal de todo. O seu programa funciona: Blognard e ele encontraram as disquetes respectivas, que tinham sido permutadas pelo criminoso. Tem menos dores no dedo grande do pé, graças a um remédio milagroso. Canta no banho:

Colchimax entra no osso
Gota a gota, gota a gota
Colchimax entra no osso
Vai-te embora, adeus ó gota.

Mas, apesar disto, fiquei sem saber se tu, D T-P, tens ou não caspa. E isto aflige-me, faz-me sentir pior das cruzes.

Ajuda-me.

P.S. - tonicco, como não sei se vou receber resposta de Deus Todo-Poderoso, podias dar uma ajudinha nisto? Agradeço antecipadamente.

Cumps,
JuaNyTu

terça-feira, 28 de novembro de 2006

A Saga continua



Hoje o benfica vai ganhar 4-0...eeeee a nossa defesa...seja melhor...ponham o Maiokoli!! ganhar...se o Maki marcar 3-0 semos campeoes do do mundo.


O Glorioso e as suas gentes

segunda-feira, 27 de novembro de 2006

A Chave


I


nquieta-me ver este blog um pouco nostálgico a respeito das questões da procura da felicidade, e encontrá-lo por vezes angustiado com amargos de boca a respeito das bifurcações não viajadas dos caminhos da vida, como escreve Sweetjane.

"Beleza Americana" (Sam Mendes, 1999) tem uma resposta a dar a Sweetjane. Isto porque a sua história demonstra como um homem de quarenta anos consegue desmontar, ao contrário de todos os que o rodeiam, o puzzle da infelicidade. Porque enquanto existir puzzle, não haverá felicidade. A própria ideia de peças separadas, a própria ideia de enigma que tem de se decifrar é a antítese da tranquilidade atenta que é no fundo o espelho do estado de felicidade. Veja-se a personagem Carolyn Burnham (Annette Bening), como o exemplo perfeito da pessoa que toma a felicidade como uma receita, como um puzzle, como algo que se pode atingir desde que se sigam as instruções... E o que acontece? Quantas mais peças Carolyn tenta diligentemente encaixar no puzzle, mais e mais infeliz se vai sentindo. Sem nunca perceber porquê.

O mundo tem-nos agarrados pelo pescoço por um braço musculado de mal-entendidos; ele apresenta-nos, vende-nos, um modelo de bem-estar, de sucesso material e de aceitação social que, simplesmente, não conduz à felicidade. E são aqueles que, como Carolyn, mais investem, e mais laboriosamente trabalham essa teia duvidosa, os que mais cedo podem constatar a sua ineficácia. O marido de Carolyn, Lester Burnham (Kevin Spacey), é o homem de quarenta anos que descobre o que mais ninguém consegue descobrir: a chave para a sua felicidade. E fá-lo como? Abrindo mão do emprego, abrindo mão da mulher, e abrindo mão das fúteis tentativas de manter um ambiente (só) aparentemente normal dentro de casa. Mas sobretudo, Lester deixa-se intoxicar pela beleza, como primeiro passo para o alcançar da felicidade. O jovem filho do seu vizinho, um rapaz chamado Ricky Fitts (Wes Bentley) que é colega da filha de Lester, confessa, a meio da história, para vergonha daqueles de nós que são infelizes por uma questão de medo: "por vezes sinto que há tanta beleza no mundo, que temo que o meu coração possa simplesmente ceder". Inquieta-me ver este blog um pouco nostálgico a respeito das questões da procura da felicidade (...) como escreve Sweetjane

Afinal quem está mais bem informado? Sweetjane, ou Ricky Fitts? Quem tem razão: as crianças em carrinhos de bébé que ao passar por nós, pessoas estranhas, esboçam um sorriso profundo de uma certeza convicta de que a felicidade é possível?, ou pessoas como eu, que embora lhes retribuindo quase sempre o sorriso, sente por vezes uma espécie de pena, por já antecipar o processo a que o mundo as irá em breve submeter?

Em "Beleza Americana", Lester Burnham, numa espécie de estado de graça, tem visões de Angela Hayes (Mena Suvari), a jovem colega de escola da sua filha, no tecto do seu quarto. Angela surge a Lester sobre um lençol de rosas vermelhas, o seu corpo despido polvilhado de pétalas, na posição da cruz. Metáfora poderosa esta, a de que a redenção do homem se pode atingir pela felicidade, e não necessariamente pelo sofrimento. Isto porque a obsessão inicialmente quase infantil de Lester por Angela vem precisamente a ser a primeira pedra do (afinal curto) caminho da sua felicidade.

Por vicissitudes da história, Lester morre no final do filme. O seu corpo é encontrado na cozinha, baleado na cabeça, um espirro de sangue perturbando o branco homogéneo dos azulejos da parede. Quem o encontra é o rapaz Ricky Fitts, e a filha de Lester, Jane. Ricky é quem se aproxima do corpo, e se agacha junto à cara de Lester. Contagiado pela felicidade que o rosto de Lester irradia, Ricky não consegue evitar sentir-se uma vez mais contagiado pela beleza que existe no mundo, mesmo que desta vez estampada na cara de um amigo que acaba de morrer. Quase esboça ele próprio um sorriso, mas apressa-se a contê-lo, porque Jane não o iria compreender. Afinal de contas, é o pai dela que está ali, morto.

Articulando muito poucas palavras, Ricky Fitts explica-nos ao longo do filme que a felicidade é perfeitamente possível, embora não necessariamente sinónimo de uma colecção de momentos agradáveis ou de situações confortáveis. A curiosidade, a abertura de coração e a perda do medo são as grandes vias abertas para se ser feliz.

O que dizer então a Sweetjane , e aos de nós com inquietações semelhantes? Talvez apenas que a felicidade pode exigir algum esforço; mas que este será tantas vezes menor quanto maior for a nossa curiosidade por aquela.

domingo, 26 de novembro de 2006

Cuidadinho




A nostalgia do não vivido

Poderiam as coisas ter sido diferentes? É uma pergunta que me ocupa parte do pensamento todos os dias. Se esta pergunta for acompanhada de uma certa dose de arrependimento, ou algo parecido, trata-se de nostalgia. Uma nostalgia por aquilo que não se chegou a viver. Se fosse preciso caracterizar através de uma palavra ou expressão do quotidiano, a nostalgia do “não vivido” escolheria “amargo de boca”. É uma espécie de pedra que ganha raízes no sapato, que nos incomoda todos os dias. Obriga-nos, constantemente, a perguntar “e se...”, deixando-nos convencidos que este ou aquele cenário, poderia ter sido melhor...ou causado maior felicidade. Sim , felicidade. É isso que procuramos, não? Não sabemos bem que forma assumirá, mas procuramo-la em muito do que fazemos.

sábado, 25 de novembro de 2006

000 - licença para vegetar

Caríssimas e caríssimos, recebi o seguinte e-mail que passo agora a partilhar connvosco:

Querida doutora sweetjane,
Sou agente secreta vai para mais de 30 anos e nunca disse ao meu marido. Ele julga que eu tenho um lugar. E realmente tenho mas isso é só uma fachada. Mas tal nada me incomoda, porque ele é ateu e eu também não me importo.
A minha especialidade é esperar pacientemente até que os alvos me entrem na loja, sózinhos. Costumo limpar-lhes o sebo arremessando violentamente um repolho em direcção ao nariz, numa trajectória ascendente que, por força do impacto, faz a cana do nariz recolher para dentro dos miolos. Ás vezes uso batatas, mas têm que ser grandes. E depois digo que tropeçaram na caixa das clementinas ou das cenouras e que bateram com o nariz no balcão.

Não sei bem para quem trabalho, só sei que é para uns gajos lá da internet e os gajos nem me pagam nada, mas eu não me importo pois ajuda a passar o tempo. De vez em quando o computador bolsa uns sinais e já sei que é a hora de eliminar mais um.

Veja lá, ó Drª que não sei porque carga de água o proximo é o meu marido, o que pouco me incomoda porque ele cheira dos pes que tresanda e já nem o posso ouvir escarrar todas as manhãs. Mas não sou eu que quero, são os gajos lá da internet, e eu pr'a eles, ó gajos lá da internet mas porquê este e eles moita e eu, ó gajos lá da internet mas porquê este, e eles moita.

Mas o que eu queria mesmo saber, ó doutora, é se a doutora acha que eu ponha uns implantes nas nádegas.

Aguardo impaciente a resposta. Adeus.

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Socorro, não sou igual à Claudia Schiffer...ainda.


Administrador de blog procura portadora de cabelos louros (mesmo pintados), que embora possa não ser particularmente inteligente ou informada sobre a actualidade, deve ter voz agradável e esforçar-se por não dizer “póssamos” ou “fáçamos”, estando disponível para deslocações frequentes, no país e ao estrangeiro. Oferece financiamento (a prestações e com ridículas taxas de juro) para uma liposucção às nádegas e coxas (se se justificar) para além de implantes mamários (mínimo copa 40). Remuneração compatível com a função. Dá-se preferência a louras que não tenham os dentes estragados e que sofram de flatulência. Enviar resposta com fotografia de corpo inteiro para administradorjuanito@visaocabo, até ao próximo dia 31 de Novembro, pelas 15h32m.

Socorro, não sou igual à Claudia Schiffer...


Claudia Schiffer ligou-me ontem para o telemóvel. Teve azar, porque eu estava em mensagens. Deixou-me um voicemail e eu depois liguei-lhe. Liguei-lhe, é como quem diz, mandei-lhe um kolmi para ela me ligar, porque da minha rede para a dela é um roubo. A pobre queria desabafar, porque parece que agora tem uma doida à perna que quer ser amiga dela à força toda, e só lhe liga para o móvel e para o fixo a toda a hora. Escreve num blog, segundo parece.

Aparentemente trata-se de uma mulher obcecada pelas hipóteses de mudança física, que acorda a pobre da Schiffer às 4 da manhã a colocar-lhe questões como "o teu cú foi pago a prestações, Claudia?", "Claudia, a felicidade de uma bela liposuccção infligida às gengivas é transitória?", "Não sejas egoísta, Claudia, e diz-me onde arranjaste essas nádegas".

Isto torna-se naturalmente aborrecido para a Schiffer, não só pelos horários absolutamente inconvenientes, mas até pelo facto de ela não falar português. As conversas tornam-se assim trocas mudas em que a pobre da Schiffer pouco mais diz do que "-Was?" "-Was?"... A doida em questão parece que escreve num blog, e coloca a Claudia Schiffer dilemas que chegam ao bizarro

A doida em questão parece que escreve num blog, e coloca a Claudia Schiffer dilemas que chegam ao bizarro. Segunda-feira às 7 da manhã lá tocou o móvel da Schiffer. "Guten morgen, Claudia", ouviu-se do outro lado, "Escuta, consideras aberrante uma intervenção que torne apenas a mama direita mais atrevida e apenas a nádega esquerda mais imponente? Acordei com esta ideia, o que te parece? Devo avançar?". "-Was?", foi o que a Schiffer pôde articular, ainda entaramelada da noite.

A sensação de impotência perante a inexorabilidade do tempo de que padece esta doida, e a sensação de impotência de Claudia perante o assédio de que é vítima, trazem a super-modelo agastada. Contagiada já em certa medida por estes medos e complexos, a Schiffer já denotou alguns comportamentos novos: procurando aproveitar ao máximo a sua beleza enquanto ela dura, e antes que se torne "velha e horrível e descaída e com cabelos brancos e desinteressante e velha e feia como uma pessoa que eu vim a conhecer" (como disse ao Frankfurter Allgemeine), Schiffer tem sido vista em bandos de jovens de 19 anos, pavoneando-se pela rua, nas praias, nas esplanadas, de umbigo à mostra, de tatuagens malandras e de piercings marotos. "Comecei a ter medo de ser mal amada", confessou a super-modelo. Isso, Schiffer, a cirurgia estética não cura.

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Concorrência desleal (parte II)



Podemos sempre considerar as hipóteses de mudança física (pagas a prestações) que a cirurgia estética hoje em dia proporciona, tornando acessível a muitas bolsas, a felicidade transitória de uma bela liposuccção infligida às coxas e nádegas ou de uma intervenção que torne os seios mais atrevidos e imponentes.

A sensação de impotência perante a inexorabilidade do tempo (e perante os bandos jovens de 19 anos que se pavoneiam pela rua, nas praias, nas esplanadas, de umbigo à mostra, tatuagens malandras e piercings marotos) é tanto maior quanto mais mal amadas formos. Isso, convém que se diga, a cirurgia estética não cura.

Arte Marroquina - Méchoui de Borrego


Ingredientes:

  • 4,5 kg de borrego ou uma sela de borrego
  • 450 gr de margarina
  • 3 dentes de alho
  • 2 colheres de café de sal grosso
  • 2 colheres de café de cominhos em pó
  • 1 colher de café de pimento doce
  • 1/2 colher de café de pimento picante
  • 250 gr de ameixas
  • Amêndoa filada q.b.
  • Agriões, coentros e hortelã
  • Sementes de sésamo

Preparação:

Retire com cuidado a gordura do borrego e ate-o com fio de cozinha. Faça incisões ao longo da carne, ficando com um aspecto de fatias grossas. Misture a margarina amolecida, os alhos bem picados, o sal, os cominhos e os pimentos. Unte bem a carne no interior das incisões. Deixe em repouso durante cerca de 2 horas, pelo menos. Aqueça o forno a 230ºC. Coloque a carne num prato que possa ir ao forno e, com o lado da gordura virado para cima, leve ao forno pré-aquecido durante cerca de 20 minutos. Depois desse tempo, reduza para os 180ºC e vá regando com a gordura de 15 em 15 minutos, até a carne se separar facilmente do osso (cerca de 2h 30m até 3 horas). Sirva numa travessa guarnecido com as ameixas, a amêndoa e raminhos de hortelã, coentros e agriões, polvilhado com sementes de sésamo.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

Concorrência desleal (parte I)


Digo às vezes, à laia de provocação, às minhas amigas (as que têm a minha idade), que as miúdas de 19 anos nos fazem uma concorrência desleal, com aqueles atrevidos traseiros de mármore, aqueles seios firmes e aquela frescura inacreditável. Uma delas (das amigas, claro) diz-me que não. Que essas miúdas não nos fazem concorrência e que os homens da nossa idade não as preferem, quando comparadas com as mulheres da nossa idade. Dependerá dos homens da nossa idade e dependerá das raparigas de 19 anos. Não sei se depende de nós. Cá por mim sinto que somos um pouco como aquele grupo de amigas, no filme "When Harry met Sally", que revê, durante um dos seus almoços semanais, a lista dos homens disponíveis, desesperadas que estão por se sentirem a envelhecer sozinhas. Não que seja esse o meu caso. Mas o que está por detrás desse medo, não é só o pavor da solidão. É a dolorosa percepção de que não podemos voltar atrás. Os rabos descaem, as mamas também. Até pode ser que essas miúdas não me façam concorrência, mas a verdade é que, agora, por mais que me esforce, eu é que não lhes ofereço uma competição digna. Pode não ser a mesma coisa, mas o efeito é o mesmo.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Grumos







Whatever? Right...

Já não engano ninguém (parte IV)

Sou, pois, uma "cota". Os miúdos e as miúdas de 20 anos tratam-me por "senhora". Já não engano ninguém. Esta expressão faz-me rir. Faz-me lembrar uma vez quando, menos de 2 meses após o nascimento da minha filha, fui a uma loja de roupa (onde invariavelmente me deprimo, sempre que me vejo ao espelho e de onde quero sair o mais rápido possível). Fui com a minha filha e com a minha mãe...3 gerações de mulheres...como nos filmes. A minha mãe comentou - a que propósito nunca irei perceber - que eu só tinha 32 anos e que acabara de dar à luz, ao que a empregada (uma dessas simpáticas miúdas de 20 anos) se apressou a responder "Ahhh...mas está muito bem conservada". Percebem agora, porque digo que sou uma "cota" e que já não engano ninguém?

Depressão é lucidez

Disserte-se, ainda e novamente, sobre o fingimento. Será verdade que é uma constante? Melhor seria saber que partes da nossa vida é que não são fingidas. Não têm por vezes vontade de mandar tudo à viola? Porque é que nos mantemos no "rame-rame" se só vivemos uma vez? É para dar dinheiro aos psicoterapeutas e justificar a sua existência parasita? Ou eles também fingem que ajudam a resolver os problemas que os outros fingem conseguir resolver depois de os consultarem? Quando é que temos momentos de lucidez? Quando nos deprimimos? Tal obrigar-nos-ia a redefinir a depressão. Depressão é lucidez. Parece-me que "a vida é um palco", hoje e sempre.

domingo, 19 de novembro de 2006

Sucesso & Tal

Já não engano ninguém (parte III)

Tenho 35 anos. Daqui a outro tanto serei velha. Na verdade não tenho grande interesse em mim própria e desgosta-me a minha aparência. Ainda mais, a falta de motivação para a mudança. E gosto de comer. Comer e não fazer nada que desgaste as calorias é uma combinação explosiva. Longe vão os dias em que partia corações...e gostava, fingindo sempre nunca saber que provocava esse efeito, mesmo que numa minoria.

sábado, 18 de novembro de 2006

E no entanto ela move-se.....

Este blog move-se mais rápido que a própria sombra. A sua evolução é estonteante. E já viram o ecletismo? Ou girará em torno do seu próprio eixo?

Já não engano ninguém (parte II)

Também eu finjo. Finjo não me importar com a minha aparência para não me confrontar com a desilusão. Finjo que a minha insatisfação é da minha exclusiva responsabilidade. E tenho cabelos brancos, aos magotes. Durante uns tempos nada fiz para os disfaçar, fingindo gostar deles. Agora, ultimamente, optei pelas madeixas louras com duas tonalidades diferentes, para tolerar melhor o crescimento do cabelo e para evitar que tenha que ir ao cabeleireiro todos os meses. Pois...é que também finjo não ter tempo para isso. É claro que esta opção só disfarça os brancos na minha imaginação. Que os tenho toda a gente vê...eu sei isso, mas pinto-os à mesma. Bem sei, é um pouco triste. Obedeço à ditadura da aparência...compactuo com ela por piedade para comigo própria.

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Já não engano ninguém (parte I)

Na verdade todas nós, todos os dias, fazemos sempre alguma coisa que se destina a enganar alguém, nem que seja a nós próprias.


Ou fingimos que estamos a trabalhar com afinco para convencer a nossa chefia, fingimos que somos mais interesantes, cultas e informadas sobre a actualidade social, politica e económica, do que na verdade somos, fingimos que somos mais activas e dinâmicas, mais imprescindíveis, do que o que a realidade e uma observação atenta revelariam.


Também fingimos que não vemos coisas que fazem os nossos subordinados, para não nos confrontarmos com eles, fingimos que somos rigorosas enquanto compactuamos com injustiças, defendemos valores de justiça e equidade e não os pomos em prática, exigimos tolerância e igualdade, enquanto secretamente somos racistas e preferimos que as mulheres que trabalham connosco não tenham filhos, defendemos a importância da família quando prestamos pouca atenção aos nossos filhos, defendemos os direitos das mulheres à igualdade no trabalho, mas medimos o seu sucesso pela dedicação ao trabalho (inevitavelmente em detrimento da família), impomos a outros elevados padrões de rigor e a isenção e somos as primeiras a encontrar secretas excepções para o tratamento diferenciado.


Mas não se assustem. Nada disto é "coisa tipica das mulheres".


És ser unicelular

Ó Rumsfeld tu és amiba,
És ser unicelular,
Parasita (de Arbustos amibas como tu),
Que é preciso esmagar

Esmigalhava-te todo,
Ó Rumsfeld de um cabrão
Com botas de cano alto,
Ficavas colado ao chão

Colado ao chão ficarias,
Ó Rumsfeld, qual chiclete
Que os putos se divertem
A atirar para a retrete

É uma ideia simpática,
A de para o esgoto te enviar
É pena que as ratazanas
Depois te tenham de aturar

Prezo muito as ratazanas
Ao pé de ti, esgaseado.
Porque em competência técnica
Te deixam eclipsado.

Esmigalhava-o todinho
Esse Rummie de um carago
Ficava todo espalmadinho
Esse Feldzito virago

"Os blogs fazem mal à Internet" - Mary Johnson-Fogherty

"A merda dos blogs vai acabar." Foi assim que Mary Johnson-Fogherty, Presidente da Fundação Johnson-Fogherty, gelou a assistência do almoço-convívio com o grupo Empresários do Multimédia e das Novas Tecnologias, hoje, no Lisboa Fórum. Havia crepes de camarão.


Mary J-F centrou a sua intervenção na muito actual polémica dos blogs que se fartam de ocupar espaço na Internet. Sem meias palavras, muito cedo a perita tornou clara a sua posição: "Acabe-se já com essa merda", defendeu, sustentando que "(...) a este ritmo de pessoas a publicar posts nos blogs e a fazer comentários aos posts que outros já lá puseram, estimo que ainda antes de 2009 possam ocorrer em Portugal os primeiros casos de refluxo da Internet".

O refluxo da Internet é um fenómeno cuja existência muitos peritos contestam. Defendem algumas personalidades do sector - como Mary J-Fogherty - que é fisicamente possível que, por falta de espaço na Internet num dado momento, o envio de qualquer informação para a Web - os blogs são aqui um perigo sistematicamente apontado - pode resultar em transbordância física de uma workstation que esteja online, qualquer que ela seja (seja a do utilizador que enviou a informação para a Internet, ou qualquer outra, em qualquer parte do mundo). Explicando melhor, "(...) o computador, literalmente, começa a bolsar para a secretária aquilo que não coube na Internet", alertou M J-Fogherty, perante o silêncio perturbado dos profissionais do sector, e o choro de algumas crianças que se encontravam na assistência.

Mary Johnson-Fogherty aproveitou a ocasião para apresentar o mais novo produto da Divisão de Consumo da sua Fundação, já disponível no mercado: as "Fogherty Toalhitas", especialmente desenhadas "para limpar e absorver a informação babada dos computadores ligados à Internet".

O delegado da PT-Multimédia ao evento desafiou Mary Johnson-Fogherty a provar as suas afirmações, contestando que, em 27 anos de experiência, jamais tinha visto um computador de secretária "bolsar". O perito defendeu ainda que "computadores a 'babarem-se de informação' só pode ser uma brincadeira, uma ficção."

O mesmo delegado da PT Multimédia viria logo depois a reagir mal às duas balas calibre 9 que Mary J-Fogherty lhe disparou em direcção ao crânio, sendo quase unânime entre os presentes que aquele responsável morreu ainda antes de se voltar a sentar.

O resto da intervenção de Mary Johnson-Fogherty decorreu sem percalços, com a generalidade da audiência a mostrar total acordo face às outras teses que a oradora principal foi apresentando.

Mais almoços-convívio estão previstos ainda em 2006, dada a premência deste tipo de temas da Sociedade de Informação. "Alertar para estas merdas é fundamental", comentou Mary J-F, à saída do evento.

Poetry in motion

"Balneário em lágrimas na despedida"

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Diário da República, sumário de dia 16

Gostei particularmente d' Os Mirones da Natureza...

Portaria n.º 1245/2006
Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas
Cria a zona de caça municipal Os Mirones da Natureza Zona II, pelo período de seis anos, e transfere a sua gestão para a Associação de Caçadores Os Mirones da Natureza (processo n.º 4499-DGRF)

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Demasiado dinamismo

Este blog é dos mais dinâmicos que tenho memória de alguma vez ter lido na Internet. As cartas começam a chegar, e é difícil processar toda a correspondência que temos recebido acerca dos posts deste blog... quero dizer, post (singular) deste blog.

Trata-se de um blog porventura dinâmico demais.

De futuro, a administração deste blog irá impôr limites ao número de posts, porque a Internet não é só deste blog, e as outras pessoazinhas também têm as suas coisinhas para dizer.

segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Em boa hora bazaste

Mas que grande cabrão me saíste, ó Rumsfeld dum ganda cabrão...


Fizeste a merda e agora adeus meus amiguinhos, não é? Quem vier a seguir que limpe esta merda, certo?


Mas que cómodo.


Aaaaai, que grande número de cabrões "andem" aí, minha mãezinha.


Queres ver que esta cena por mais que se escreva aparece tudo na 1ª página? Ahh, isso é mesmo uma coisa a ver... não me parece correcto.

Queres ver que esta cena por mais que se escreva aparece tudo na 1ª página? Ahh, isso é mesmo uma coisa a ver... não me parece correcto.

Queres ver que esta cena por mais que se escreva aparece tudo na 1ª página? Ahh, isso é mesmo uma coisa a ver... não me parece correcto.

Queres ver que esta cena por mais que se escreva aparece tudo na 1ª página? Ahh, isso é mesmo uma coisa a ver... não me parece correcto.

Agora sim, acabou.