sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Já não engano ninguém (parte I)

Na verdade todas nós, todos os dias, fazemos sempre alguma coisa que se destina a enganar alguém, nem que seja a nós próprias.


Ou fingimos que estamos a trabalhar com afinco para convencer a nossa chefia, fingimos que somos mais interesantes, cultas e informadas sobre a actualidade social, politica e económica, do que na verdade somos, fingimos que somos mais activas e dinâmicas, mais imprescindíveis, do que o que a realidade e uma observação atenta revelariam.


Também fingimos que não vemos coisas que fazem os nossos subordinados, para não nos confrontarmos com eles, fingimos que somos rigorosas enquanto compactuamos com injustiças, defendemos valores de justiça e equidade e não os pomos em prática, exigimos tolerância e igualdade, enquanto secretamente somos racistas e preferimos que as mulheres que trabalham connosco não tenham filhos, defendemos a importância da família quando prestamos pouca atenção aos nossos filhos, defendemos os direitos das mulheres à igualdade no trabalho, mas medimos o seu sucesso pela dedicação ao trabalho (inevitavelmente em detrimento da família), impomos a outros elevados padrões de rigor e a isenção e somos as primeiras a encontrar secretas excepções para o tratamento diferenciado.


Mas não se assustem. Nada disto é "coisa tipica das mulheres".


1 comentário:

Anónimo disse...

O que tu queres sei eu