segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Resposta a SweetJane

N


ão desfazendo, és mesmo doida, Sweetjane.

Então não querem lá ver que ela para sublimar os sentimentos de culpa, o melhor que arranja é comprar a CAIS ao droguinhas entaramelado mais próximo, com olhos de carneiro mal morto? Please...

Ó Jane, eu também não sei qual é a receita para endireitar o mundo, mas tenho quase a certeza de que não passa pela revista CAIS. É cá um feeling.

Esse desconforto que dizes sentir em relação à situação menos favorecida de outros, se é sincero, será apenas sinal de que tens uma consciência. Perguntarás "e depois? Fico sentada em cima dessa consciência?"... Claro que não. Gandhi disse "sê a mudança que queres ver no Mundo." Ora, o mais bem-intencionado de nós sentirá sérias dificuldades em implementar esse comportamento, aparentemente tão simples (só aparentemente). Isto porque somos humanos, e extremamente vulneráveis à tentação perversa de repercutir para com os outros os comportamentos que neles mais criticamos, pela simples razão de que "foram eles quem começou". E deste modo a mediocridade, a má-criação, a antipatia e outros "pequenos holocaustos" (obrigado, P. Oliveira) florescem mesmo através de quem não os tem inscritos na sua maneira de ser. Lutar contra isso deveria ser o primeiro passo. Quando e se operares essa mudança em ti, a tua relação com os outros modificar-se-á inevitavelmente, e só aí poderás começar a ajudar a mudar o mundo para melhor. Não há volta a dar-lhe. O processo tem de começar em ti e continuar em "ti <-> outros". Os tais sentimentos de culpa, Sweetjane, só perduram enquanto nós sabemos, interiormente, de forma mais ou menos consciente, que NÃO estamos a fazer aquele trabalho. Então lá vamos comprar a revista CAIS, porque parece que há uns senhores cujo objecto social é fazer aquele trabalho interior de que Gandhi nos incumbiu por nós.

Ora, outsourcing de nos tornarmos melhores pessoas é uma figura que não existe.

Se não melhoramos como pessoas (e melhorarmos não é fazermos constar que estamos a par das desgraças que por aí existem, por mais autêntica que seja essa consciência), então o mundo não vai melhorar. Faz impressão, e até desanima atacar um problema que é tão grande numa perspectiva tão pequenina (a do ser individual). Mas aí é que ele se pode realmente ser atacado: se reparares, na esfera da tua pessoa e dos teus comportamentos tens controlo absoluto do que acontece; isso não se passa em nenhum outro cenário.

Mais uma vez trazes à liça a questão da felicidade, no contexto destas matérias. Desinterlacemos de uma vez por todas o problema da felicidade do da nossa consciência acerca das desgraças do Mundo. De contrário, ninguém que não seja perverso vai conseguir algum dia ser feliz. Porque desgraças no Mundo vão existir sempre. E sobre a felicidade já temos uns quantos posts interessantes.

Agora apetecia-me comer bolachas. Mas isso agora não vem ao caso.

6 comentários:

sweetjane disse...

Obrigada juanito. não estou 100% de acordo contigo, mas isso agora não vem ao caso. Deixa-me só complementar uma coisita. Dizes, justamente, "De contrário, ninguém que não seja perverso vai conseguir algum dia ser feliz". Concordo, mas o problema não tem que ver com os males do mundo. Tem que ver com o miserável sentimento de culpa, que não controlas conscientemente. Assim, replico, "Nenhum(a) neurórico(a)será, alguma vez, completamente feliz".

Anónimo disse...

A Drª sweetjane tem razão.

Anónimo disse...

E digo mais, A Drª sweetjane sente uma culpa indefinida e miserável. Mesmo que ela se tornasse na Madre Teresa de Calcutá (o que convenhamos, conhecendo a Drª sweetjane seria um pouco difícil, se é que me percebem...) ela não deixaria de sentir aquela culpa. Porque ela é neurótica. Não percebe, Dr. junaito? É assim, doida, tal como o senhor mesmo disse (desculpe-me por favor, Drª sweetjane, mas pagam-me para ser o prevedor dos FIDS e eu levo muito a sério o meu papel). À sua consideração.

Juanito disse...

Dr. junaito será a sua mãezinha.

Juanito disse...

já agora, onde se inscreve Madre Teresa na matriz de Cippola? Crédula? Bandida?... era só uma curiosidade.

Anónimo disse...

Creio que entre o inteligente e o bandido. As suas acções traziam-lhe proveito, isso é inquestionável. diversos tipo de proveito, mas sempre proveito. Resta saber se eram sempre benéficas aos demais, como consta por aí.