O mundo começa a parecer um sítio mais feio do que realmente é. A nossa casa começa a ser para nós um espaço intolerável, bem como as pessoas que nos rodeiam. As mais próximas começam, na nossa cabeça, a ser as culpadas da nossa insatisfação, porque, incapazes de lidar com a nossa própria inactividade, atribuímo-la ao facto de estarmos encurraladas por maridos, filhos, mães, sogras. E no trabalho a mesma coisa.
É tanto pior, quanto pior nos sentirmos connosco próprias. Tanto pior quanto maior for a nossa frustração. É um mecanismo de defesa que faz com que, nessas cirucnstâncias, percamos a esperança de vir a mudar algo, uma vez que, por essa lógica, não depende de nós poder fazê-lo. E é uma má lógica porque nos impede de descobrir o que é que está ao nosso alcance fazer.
4 comentários:
Quero escrever mas não tenho mesmo este dom... só queria dizer que depende do locus de controlo! lol
Bjs
Mi
Eu gostava de ter uma roullotte de tostas e de cervejas na praia. Era o meu sonho.
Finalmente alguém que me compreende. Ultimamente tenho-me dado conta da existência de uma série de pessoas intoleráveis. E elas são claramente culpadas da minha insatisfação, da minha incapacidade artístico-literária, e da minha inépcia intelectual. São elas quem tem a culpa. Ao ler este post de sweetjane fico contente e inspirado e deprimido e melancólico, tudo ao mesmo tempo, o que é sinal de que este post de sweetjane - que muito respeito intelectualmente, mas ao mesmo tempo não respeito porque não me ajudou a tirar o curso - tem muita sabedoria na sua essência. Este post é essencialmente sabedor e sabiamente essencial. Na lógica deste post descobri que está ao meu alcance mudar a minha vida; no alcance deste post descobri a falta de lógica da minha vida. Jardel nasceu com o dom de marcar golos; eu nasci com um conjunto de recursos de estilo que me são inatos e que me são inaptos. Não vejo ninguém queixar-se do facto de Jardel não marcar golos, porque haveria de aceitar que venha alguém negar-me o espaço que eu tenho como meu, ou invadi-lo com provocações disfarçadas de boas intenções mascaradas de más-criações a fazer de conta que são reflexões? Não me parece correcto, nem certo, nem bem. A humildade da bondade da consciência terapêutica num mundo em constante mutação em que não falta um segundo sem um segundo passar obriga-nos a lembrar aos outros os valores que devemos ter como imutáveis em constante mutação. Tudo o resto é ruído. Tudo o resto é feio. Tudo o resto é presença indesejável. Obrigado.
Ó minerva, essa cena do locus de controlo fica ao pé do ponto G?
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